O “capital de giro” é super importante para as empresas. Ele garante que o negócio continue funcionando bem e seja bem-sucedido.
Você pode não saber exatamente o que é, mas provavelmente já ouviu falar dele, especialmente se trabalha com finanças ou tem um negócio.
Vamos fazer uma comparação simples: gerenciar uma empresa é como construir uma casa. O capital de giro seria como a base que mantém tudo firme. Sem base, nada fica de pé.
Apesar de muita gente conhecer essa ideia, várias empresas, especialmente as menores, ainda têm dificuldade com o capital de giro. Elas nem sempre têm uma estrutura sólida e organizada.
Esse assunto é relevante não só para empresas no Brasil, mas também em todo o mundo. A PwC, uma grande empresa de auditoria e consultoria, até fez um estudo sobre isso em 2019/20. Eles descobriram que 8 de 18 setores melhoraram no capital de giro, o que é uma melhoria em 44,4% das indústrias estudadas.
Não importa se seu negócio é novo ou já existe há muito tempo, sempre dá para aprender mais sobre o capital de giro. E saber como otimizá-lo ajuda a ter mais estabilidade financeira no seu negócio.
O que é capital de giro?
Simplificando, o capital de giro é o dinheiro que sua empresa tem para continuar operando, não importa o tamanho ou tipo de negócio.
Mas, esse dinheiro está lá, e você não pode usar enquanto a empresa estiver funcionando.
Vamos imaginar assim: o capital de giro é como combustível no tanque do carro. Você tem 100 litros, mas nunca pode usar menos de ¼, senão o carro para.
É igual com a empresa. O capital de giro é super importante, porque, sem ele, tudo para.
Quais são os tipos de capital de giro?
Mesmo que não seja muito comum ouvir, é bom saber sobre os diferentes tipos de capital de giro. Veja:
- Capital de giro bruto: É o total de coisas que a empresa possui para circular o dinheiro.
- Capital de giro líquido: É a diferença entre as dívidas curtas e as coisas que a empresa tem para circular dinheiro.
- Capital de giro permanente: É a quantia mínima de coisas que a empresa precisa para funcionar bem. Geralmente, esse dinheiro não vem de fontes curtas ou médias, mas das longas.
- Capital de giro variável (ou sazonal): Por último, é o dinheiro que a empresa precisa em épocas específicas, como comprar mais no Natal. Isso muda o dinheiro que circula, por isso é chamado de variável ou sazonal.
Como calcular o capital de giro?
O cálculo do capital de giro pode ser mais ou menos complexo, depende de cada negócio, mas, de maneira geral, o conceito é bastante simples. A fórmula é a seguinte:
Fórmula de capital de giro = estoque + contas a receber – contas a pagar
É importante destacar que todas essas coisas devem ser pensadas no mesmo momento. Por exemplo, se você quer calcular o seu capital de giro no dia 15 de janeiro, precisa ver o que tem em estoque, o dinheiro que vai receber e o que vai pagar no mesmo dia.
Se não fizer isso, o resultado pode ficar errado.
Além disso, para que o cálculo do capital de giro seja certo, é muito importante ter um balanço financeiro bem correto, focando especialmente nestes pontos:
- Estoque bem medido;
- Contas a receber bem calibrado;
- Contas a pagar também calibrado.
Mais adiante, traremos um exemplo prático do capital de giro para compreender como ele se aplica no contexto de uma empresa.
Como fazer o cálculo de dias?
Outra ideia bem relevante, embora nem sempre seja tão pensada como a fórmula do capital de giro, é calcular os “dias de capital de giro”. Isso mostra por quantos dias o valor é o suficiente para a empresa continuar operando.
O passo a passo é fácil:
Fórmula de dias de capital de giro = (capital de giro / faturamento) × 30 dias
A multiplicação por 30 dias, no final do cálculo, é feita pelo fato de que o resultado que o precede aparece em meses, o que traz menos assertividade na compreensão.
Exemplo: de que forma ele é usado em uma empresa?
Depois de entender o que é e as fórmulas para calcular o capital de giro, é hora de ver como isso afeta o dia a dia de uma empresa.
Vamos usar um exemplo simples para ilustrar como o capital de giro funciona. Lembre-se que é um exemplo hipotético e bem básico, sem contar despesas fixas ou variáveis, mas vai ajudar a entender melhor.
- Digamos que você abriu uma loja no primeiro mês e não teve vendas ainda.
- Para começar, você coloca R$ 2 mil do seu próprio dinheiro na empresa. Esse dinheiro vai para o caixa da empresa.
- Com isso, você compra R$ 1 mil em produtos para vender no próximo mês. Tem 30 dias para pagar por eles.
- Agora, sua empresa tem R$ 1 mil em produtos no estoque, R$ 1 mil a pagar ao fornecedor no próximo mês e R$ 2 mil no caixa (porque só vai pagar no mês seguinte).
- Nesse ponto, o giro financeiro é zero.
- No segundo mês, você vendeu R$ 3 mil, mas as pessoas só vão pagar em 30 dias. Ou seja, tem R$ 3 mil a receber.
- Depois dos impostos (8,65%, ou seja, R$ 259,50), o valor líquido é R$ 2.740,50.
- Com um imposto sobre o lucro (27%), o lucro real foi de R$ 1.270,57.
- E para continuar vendendo no próximo mês, você compra mais R$ 1 mil em produtos, também para pagar em 30 dias.
- Agora, a empresa tem R$ 1 mil em estoque, R$ 3 mil a receber e R$ 1 mil a pagar. Ou seja, o capital de giro é R$ 3 mil.
- Se você dividir o capital de giro pelo faturamento, o resultado é 1 mês de capital de giro (30 dias).
O que é necessidade de capital de giro?
Outra coisa a considerar é a “necessidade de capital de giro”, que mostra como o capital de giro muda de um mês para o outro.
No exemplo que já vimos, se o capital de giro continuar sendo R$ 3 mil no terceiro mês, a necessidade de capital de giro será zero para esse mês.
No entanto, isso raramente acontece na vida real, já que o objetivo é fazer o negócio crescer. Para isso, é preciso investir. No exemplo, isso poderia ser comprar mais coisas para vender, o que mudaria esse cálculo.
Isso nos leva a uma conclusão: quanto mais o negócio cresce, mais precisa de capital.
É comum notar que a empresa está crescendo, mas isso não significa mais dinheiro extra. Afinal, para crescer, é necessário investir dinheiro.
Isso também explica por que as startups conseguem dinheiro de investidores anjos ou de outras formas para financiar seu rápido crescimento. Elas precisam desse dinheiro para cobrir a necessidade de capital de giro.
Qual é a relação entre o capital de giro para empresas e o crescimento do negócio?
É verdade que as empresas geralmente querem crescer. No entanto, para crescer de forma saudável, é crucial fazer cálculos precisos. Às vezes, o que parece lucro pode se transformar em prejuízo.
Não é para causar medo, mas sim para ajudar você a gerenciar bem o dinheiro e permitir que sua empresa cresça de forma sólida.
Ao olhar para as finanças, pense nisso: o máximo de crescimento que a sua empresa pode alcançar sem precisar de dinheiro de fora é o valor que você tem no caixa atual.
Isso quer dizer que o crescimento deve ser lento e gradual para não prejudicar a relação. Mesmo que demore mais do que você esperava, os riscos são menores.